Em meio a um cenário de críticas e investigações que marcaram o fim da gestão 2021–2024 do ex-prefeito Carlos Capeletti, um episódio em particular parece estar passando despercebido por muitos: o desaparecimento de 5 mil exemplares da revista institucional 'Tapurah: Uma Gestão Premiada', produzida ao custo de R$ 59 mil com recursos públicos.
A revista, com aproximadamente 30 páginas, foi elaborada por uma empresa de Lucas do Rio Verde com o objetivo de apresentar à população as principais realizações da administração Capeletti. A proposta previa a produção e ampla distribuição de 5 mil cópias, como forma de prestação de contas à sociedade. Entretanto, a reportagem apurou que as revistas praticamente não circularam no município. Após buscas em diferentes setores públicos, foram localizados apenas dois exemplares físicos: um na recepção da Câmara de Vereadores e outro na Prefeitura Municipal. Não há registros ou comprovações formais de que o material tenha sido entregue à população em escala compatível com a tiragem contratada.
O servidor responsável pela fiscalização do contrato afirmou à reportagem que não teve acesso à nota fiscal de entrega nem presenciou qualquer distribuição efetiva do material. Segundo ele, não há evidências documentais que comprovem que os 5 mil exemplares foram de fato entregues, levantando suspeitas sobre o cumprimento da execução contratual.
A reportagem também apurou, junto a servidores da Prefeitura, que “algumas poucas unidades” teriam sido repassadas internamente, mas nenhuma comprovação foi apresentada. Até o momento, o paradeiro da maioria absoluta dos exemplares permanece desconhecido.
Ex-prefeito não se manifestou sobre o caso
A equipe de reportagem procurou o ex-prefeito Carlos Capeletti para oferecer espaço de esclarecimento quanto ao desaparecimento das revistas e ao cumprimento do contrato firmado com recursos públicos. No entanto, não houve resposta às solicitações. O silêncio do ex-gestor reforça o clima de incerteza e indignação entre cidadãos e representantes públicos.
Exclusão de vereadores da oposição também levanta questionamentos
Outro ponto que gerou críticas foi a ausência dos vereadores da oposição Cleomar Eterno de Campos e Daise nas páginas finais da revista, onde estavam os demais parlamentares. Segundo informações internas, a exclusão teria sido deliberada, o que pode configurar ato de censura e uso indevido de recurso público para finalidades político-partidárias.
A ausência de comprovação de entrega dos exemplares e a exclusão de representantes eleitos de um material institucional custeado com dinheiro público levantam indícios de má gestão, descumprimento contratual e possível improbidade administrativa. De acordo com fontes ligadas à administração pública, o caso já foi encaminhado ao Ministério Público, que conduz apurações preliminares.
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